Muito de mau gosto, não é raro nós arquitetos ouvirmos piadas quanto a nossa profissão. Essas piadas retratam muito a falta de conhecimento do piadista, tenha pena do mesmo, e o ilumine com novas informações, com novos saberes. O Conselho de Arquitetura e Urbanismo regula nossa profissão e em seu site mantém ilustradas todas as atribuições dos profissionais de arquitetura e urbanismo. Não pasme em saber que muitas são exclusivas.

De uma maneira geral o saber popular entende o profissional de Arquitetura e Urbanismo como aquele que faz lindas casas ou interiores. Não estão errados, estão apenas olhando a pontinha de um imenso iceberg de possibilidades de atuação profissional que estão muito além da caixa de lápis de cor.

O Grupo Arquitetos está prestes a completar 16 anos de vida, fora os anos muito bem vividos dentro da Universidade. Esta caminhada trouxe um repertório de mais de 320 projetos por todo o território nacional, uma marca memorável e que trouxe muita expertise, esforço, e “causos”, muitos, inimagináveis para muitos. Então senta porque esse texto é leve, é só bate-papo com muitas pérolas.

Ser arquiteto é projetar um Canil Central da Polícia Civil, e, para isso ter de visitar um criadouro profissional de cães de caça. É adentrar (adentrar mesmo) um curral de treinamento de velocidade e força, nome bonito para uma corrida atrás de avestruzes. Foi tensa e perigosa a experiência, cada animal era quase um boi… e ali tinha uma boiada.
Ser arquiteto é segurar a risada ao fazer briefings onde o cliente dá voltas para driblar seus fetiches sexuais. É ser profissional psicologicamente controlado ao presenciar rounds de luta entre marido e mulher… nunca, jamais meta sua colher.

Ser arquiteto é desbravar todo o solo mineiro nas reformas das Gerências Regionais de Saúde do Estado. É enfrentar um tsunami em pleno cerrado nos arredores de Pedra Azul, um tsunami em terra onde vinha água de todos os lados, onde estrada desaparece, onde o céu desaba. Cuidado!!!

Ser arquiteto é fazer a Reforma e Ampliação da JUCEMG em BH, é medir e vistoriar 16 andares de dois prédios e driblar escorpiões no subsolo.

Ser arquiteto é conhecer povoados esquecidos no interior de Minas para projetar um Cemitério e Capela Ossuário. Povoados onde o rito de sepultamento é pessoal e exclusivamente familiar e despensa coveiros: incrível.

Ser arquiteto é conhecer as entranhas do IML entendendo bem todas as partes, setores e fluxos (tanto da edificação quanto dos corpos) para um ideal planejamento do Núcleo Integrado de Perícias. A Sala de Putrefação foi o auge.

Ser arquiteto é fazer uma rampa para que o carro do Capitão cruze todo o prédio e chegue direto a sua sala no terceiro andar da corporação. Há mais vaidades entre o céu e a terra do que pode entender nossa vã filosofia.

Ser arquiteto é bancar Gabriela Cravo e Canela em muro de Presídio (em funcionamento) para tirar as medidas perfeitas para sua reforma.

Ser arquiteto é vistoriar lindíssimas e centenárias escolas nas cidades históricas e ver de perto a revoada do Batman. A reforma da Escola São Joaquim em Conceição do Mato Dentro foi memorável.

Ser arquiteto é visitar lote em condomínio para fazer casa e sair correndo de uma cobra inesperada.

Ser arquiteto é subir vertiginosamente (vertiginosamente mesmo) na cobertura da Caixa d’Água no 22º andar do TRT de Belém do Pará… essa sensação de liberdade sem fronteiras (guarda-corpos) não foi nada agradável.

Ser arquiteto é ser intenso consumista de Ibuprofeno pós reuniões longuíssimas que poderiam ter sido um email.

Então caro leitor, da próxima vez em que ver um arquiteto, não pense nos arquitetos das novelas de Manoel Carlos a jogar vôlei de praia. Pense nos icebergs aos quais acaba de ser apresentado.