Desvendar a mente humana, os desejos psicológicos que estão ali nas sinapses que um cliente nem sempre traz à tona, seria desconhecimento?
Arquitetura é sim, um senhor desafio. Desvendar a mente humana, os desejos psicológicos que estão ali nas sinapses que um cliente nem sempre traz à tona, seria desconhecimento? Seria vergonha? Erwin Panofsky lindamente me ensinou algo em seu lindo livro Idea que carrego pra vida: uma ideia jamais é trazida ao mundo tangível. Como assim? Assim: nosso imaginário é tão incrível que traduzir o que está ali no mundo real não é possível, aquele grau de beleza e perfeição ali construídos não são jamais materializados.
Tomemos um exemplo simples: Quem nunca viu um filme baseado num livro, que, ficou muito aquém das expectativas prévias… aquém das expectativas criadas num mundo imaginário inigualável, intangível, inatingível. Será que José Saramago realmente se deleitou ao ver sua obra nas telonas ou foi apenas formal? Sem medir palavras: Ensaio Sobre a Cegueira foi osso, perdão Julianne Moore! ?
Então, é simples de entender: fazer um projeto é tornar palpável da melhor forma o que é possível dentro de um mundo com regras, normas, leis, desejos… é materializar algo esplêndido, e, completamente diferente do que estava no imaginário preliminar… imaginário do criador, imaginário do cliente… já tinha imaginado isso? Coloque um uma turma de 20 alunos pra desenhar um camelo, logo, você terá 20 distintos camelos pra se valer… quem sabe essas 20 ideias não rendem uma troca no mercado?
Este desafio que é arquitetar já fez muita hora com as horas dispendidas no trabalho, seja aqui no escritório, seja em viagem, seja no travesseiro… Ser arquiteto é não desligar… trabalhar com criação é estar predestinado a ter desatinos. E os clientes adoram desafiar nossos traços com certos desvios que, com desatinos, desdenham desafios! Exemplo clássico, contarei o caso do Senhor D: Senhor D queria uma casa onde houvesse um jardim em seu banheiro, um jardim que desorientou a equipe, pois, inúmeras opções eram colocadas e o Senhor D nada apreciava – está muito pequeno, está muito estreito, está muito devassado, está descoberto, está desconfortável, está com plantas demais, está com terra de menos, está está está… resumo da obra: Senhor D não é ator, mas, gosta de jardim para atividades pouco convencionais e com censura para maiores de 21 anos. Desafiador? Panofsky imaginaria isso.
Erwin Panofsky (Hanôver, 1892 – Princeton, Nova Jérsia, 1968) foi um crítico e historiador da arte alemão, um dos principais representantes do chamado método iconológico, estudos acadêmicos em iconografia.
Buscando refrescar a memória, até pra não se perder no tempo ou nos inúmeros desafios já vivenciados pelo Grupo, uma linha de tempo pra tentar pontuar os desafios nestes 14 anos:
2004: Nascimento do Grupo: ideia, conceito e objetivo de vida
2005: Conhecimento: A Primeira Penitenciária / Reconhecimento: O primeiro Concurso
2006: Aquisição de expertise na elaboração de projetos públicos
2007: Adequação a novas formas internas de trabalho: consolidação da sociedade
2008: Crescimento: Consolidação da Empresa e a implementação do SGQ
2009: Medo – ter medo de pinscher e estar cercado por 125 cães de caça num criadouro de pedigree para elaboração de um projeto de segurança pública
2010: Desbravar 9 cidades de Minas Gerais em 5 dias para reformas das Gerências Regionais de Saúde
2011: Tempo – analisar e verificar projetos de todas as agências franqueadas dos correios de Minas Gerais num prazo relâmpago.
2012: Pós-graduação de sustentabilidade ocupando sucessivos finais de semana
2013: Vistoriar a Sala de Putrefação do IML e Projetar a reforma e revitalização do Parque Municipal de BH
2014: Implementação do BIM na prática projetual
2015: Sobreviver à crise do estado
2016: Docência em Arquitetura e Design de Interiores e o nascimento de Gael
2017: Investindo em conhecimento e nas redes de relacionamento e networking
2018: Sucessivas viagens a Belém para realização do projeto do TRT da 8ª região
Adorando os texto!
Adorando seu adorando!!!
Sensacional perceber que formar não modifica esse espírito de almejar criar algo novo!!!
No 5 período estamos ainda lutando pra fazer algo possível e ao mesmo tempo que não seja uma simples caixa de sapatos…
Obrigado por mais essa inspiração!!
Daniel… tenha piedade das caixas de sapatos… 🙂
John, já me peguei pensando nisso. O que eu imagino é claro apenas pra mim. Por mais detalhes que eu dê, cada um capta à sua maneira e imagina algo, as vezes, completamente diferente, apenas semelhante na essência. Por isso eu acho que as profissões que exigem esse sexto sentido são dignas de muita admiração e respeito. Parabéns pelo texto. Parabéns pelo sexto sentido aguçado de arquiteto. Um grande abraço.
Guilherme,
às vezes nem Freud explica…
Andrea… obrigado…
A estrada é longa, e, sigamos sempre…