Não há como negar que o centro de BH está cheio de vida.

Os centros de grandes cidades são reconhecidos, ao redor do mundo inteiro, como lugares vivos, efervescentes, de grande concentração humana e carregada de importantes bagagens históricas e culturais; em Belo Horizonte não seria diferente. Não há como negar que o hipercentro de BH está cheio de vida. Devemos estar atentos, no entanto, às mudanças ocorridas ao longo dos anos e como a forma de ocupação interferiu e ainda interfere nessa vivacidade, inclusive na distinção entre os períodos noturnos e diurnos.

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Segundo o último levantamento da Subsecretaria de Planejamento Urbano da capital, pelo menos 89 imóveis estão completamente ociosos no hipercentro de Belo Horizonte. Do total, 19 são edifícios de três pavimentos ou mais e o restante se divide em prédios menores, casas e lotes vagos. A grande concentração de comércio e serviços na região nos dá a falsa impressão de que há uma boa ocupação dos edifícios. No entanto, ao caminhar com um olhar mais atento, pode-se observar a grande quantidade de imóveis se deteriorando, a espera de uma utilização.

Hotéis fechados há anos, como o Internacional Plaza Palace Hotel, na rua Guaicurus e o recentemente fechado em 2018, Othon Palace Hotel, ícone da capital mineira, são exemplos dessa desertificação que acontece gradativamente. Com um grande déficit habitacional existente, há de se pensar no grande potencial de ocupação desses hotéis para o uso residencial. De forma espontânea, alguns movimentos sociais e coletivos já ocupam alguns desses imóveis ao longo do tempo. Legítimos ou não, tal ocupação nos leva à reflexão do quanto essa desertificação atinge a sociedade como um todo, onde os imóveis deixam de cumprir sua função social, a cidade cresce horizontalmente e os deslocamentos ficam cada vez maiores.

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O principal motivo para o problema nos dias atuais é a especulação imobiliária. O Estatuto da Cidade possui instrumentos capazes de evitar e combater a ociosidade de tais imóveis, porém, cabe ao poder público ter interesse no assunto e colocá-los em prática, tornando viável financeiramente o ato de viver no centro.  Junto à Sudecap o Grupo Arquitetos conheceu um pouco mais a fundo as questões políticas e urbanísticas que envolvem o hipercentro, quando, envolvidos no projeto de revitalização urbana e paisagística de 37 quarteirões, foi possível propiciar melhores deslocamentos e conforto aos transeuntes e usuários locais, sem mencionar o quão enriquecedor foi trabalhar no projeto de revitalização do Parque Municipal.

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O uso residencial em imóveis no centro modificaria a dinâmica urbana na região, principalmente no período noturno, quando o comércio está fechado. Aliado a outros tipos de uso, como equipamentos de lazer, saúde e educação, tal ocupação é fundamental na melhoria da segurança e na diminuição dos índices de violência como furtos e assaltos. Já muito bradou a saudosa Jane Jacobs com sua teoria sobre os olhos da rua e a segurança da vida urbana: o centro da cidade hoje tem poucos olhos no período noturno, olhos que voltariam radiantes com a reativação habitacional na região.  Pensemos nas vantagens: acordar mais tarde pois o transporte é garantido, tomar um café perfeito no tradicionalíssimo Café Nice, almoçar no Mercado Central, o 3º melhor do mundo, ter o mundo de comércio e serviços a seus pés e a noite contar com inúmeras opções de cultura e lazer…

DIVERSIDADE. Essa é a palavra e premissa utilizada em grandes exemplos de centros urbanos no mundo. Diversidade de usos, pessoas, tipologias, cultura, crenças e raças. Belo Horizonte merece ser diversa, e o centro merece ser valorizado.

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