Imaginário, imaginação, suposições, ideias…
Nada é mais poderoso do que nossa imaginação, nossa mente… ‘“uma ideia é algo intangível e que só existe no plano das ideias” já afirmava Erwin Panofsky. A concretização de uma ideia sempre fica aquém do que o imaginário construiu: pra exemplificar correlacionando com cinema e literatura, raramente os filmes baseados em livros conseguem superar as expectativas dos prévios leitores.
O conteúdo aqui transcrito surgiu de uma cena sempre presenciada no centro de Belo Horizonte: não é raro ver pedestres se benzerem frente ao belíssimo e histórico prédio que sedia o Centro de Referência da Moda, no cruzamento da Rua da Bahia com Avenida Augusto de Lima. Afinal, porque se benzer frente a esta edificação? Estariam orando a Santa Giselle Bündchen? Humores a parte, a identificação dos ícones da imponente edificação, com uma torre traz aos passantes a impressão de estarem diante a uma torre sineira, confundindo os mesmos. Torres não são exclusividade de igrejas, ou mesmo vitrais ou grandes escadarias. A igrejinha da Pampulha é um celebre exemplo de como novas formas aplicadas a velhas ideias podem ser complicadas: a igreja com formas pouco ortodoxas só veio a ser aceita pelas autoridades eclesiásticas 14 anos depois de sua construção. Mexer no imaginário pode ser tão perigoso quanto cutucar uma colmeia.
A igrejinha da Pampulha é um celebre exemplo de como novas formas aplicadas a velhas ideias podem ser complicadas: a igreja com formas pouco ortodoxas só veio a ser aceita pelas autoridades eclesiásticas 14 anos depois de sua construção.
As imagens que trazemos em nossa mente, nesse perigoso imaginário, está diretamente relacionada as vivências e experiências que acumulamos ao longo de nossa vida, está aí um ponto que sempre levou a longas discussões com os auditores do Sistema ISO: categoricamente afirmo que viajar é um excelente método de aprimoramento profissional, é um meio de se obter novas influencias, conhecer novas culturas e lidar com sensações variadas, novas cores, novos sabores.
Ainda por Belo Horizonte…
Ainda no hipercentro de BH a igreja São José acaba de resgatar as cores originais, perdidas desde 1928. Se acima o imaginário individual foi tratado como uma colmeia, imagine o que acontece quando se toca na coletividade: um cataclismo ou tsunami? O bege quase centenário cedeu lugar a lindas cores idealizadas em 1901 por Edgar Nascentes Coelho. A nova velha igreja trouxe burburinho aos belo-horizontinos: “Parece uma mesquita!” foi um comentário furtivamente observado de uma passante. Não diria que uma mesquita, mas, uma pequena influência mourisca pode ser sim lida, ou quem sabe até uma referência nas belíssimas catedrais italianas. Orvieto é uma joia a poucos quilômetros de Roma e nela encontro muita similaridade ao projeto de Edgar: fachada principal mais trabalhada, geometrismos, linhas horizontais.
Agora por terras italianas…
Alguma sugestão, ponderação, dúvida? Questione nos comentários e vamos promover um debate arquitetônico!
Oi, João !
Adorei o texto !
A arquitetura é realmente fruto do, e mexe com, o nosso imaginário !
Ela por vezes encanta, inspira, outras causa repulsa, desconforto ….
E seria muito rico entender o porquê de nossas reações!
Eu vivo trupicando pelas ruas, por andar muito olhando pra cima rsrsrsr……
Marina… nada melhor que viver “trupicando” por conta desse olhar romântico…
Como sempre, amo os textos de vocês!
Nunca fiz o nome do Pai para a Santa Gisele, mas agora que me dei conta que também nunca fiz em frente a igreja da Pampulha.
Cada um com sua fé… mas sim, acho que quase ninguém se benze frente a Niemeyer não…
Eu Fiz Sinal da Cruz por anos na praça da estação, antes de saber que era um museu… depois continuei fazendo sinal da cruz para o “Museu da Moda” até saber o uso desse prédio.
Engraçado perceber que a associação é instintiva é de que uma torre sempre será de uma igreja.
Acredito que essa associação ocorra pela falta de edifícios do período Gótico ou Neogótico, como é o caso do Centro de Referência da Moda.
Será que se tivéssemos a cultura de conservar nossos edifícios históricos haveria estranhamento sobre o uso destes???
Daniel…
Podemos começar uma tese sobre isso…
🙂
Quem nunca fez sinal da Cruz nesse museu não mora em Belo Horizonte!
Salve santa Bündchen!!
Amém!
Andrea,
esta conversa pode ir bem longe…
vai seguindo a gente aqui, veja os outros posts porque assunto é o que não falta…