Imhotep é ninguém mais que o primeiro arquiteto, no Egito Antigo erigiu para o faraó Djoser a Pirâmide Escalonada de Sacará, mástaba agora era coisa do passado. Mas como assim primeiro arquiteto? Bom, não necessariamente o primeiro, mas, o primeiro com registro historiográfico (e não estamos falando em RRT) a imaginar, projetar e coordenar as obras de uma pirâmide. Além da função de arquiteto, a outra ocupação de Imhotep que com certeza conferiu a ele o status de divindade foi a de médico. Como ele dominava a escrita, é atribuído a ele o registro de cerca de 90 termos anatômicos, presentes no Papiro de Edwin Smith.
Esse intelectual ultrapassou fronteiras terrenas e foi promovido a divindade… uma divindade que podia “baixar” nos dias atuais e ver a que ponto chegamos…
Volta Imhotep porque nossa arquitetura está doente.
Tracemos um prognóstico: primeiro por limitações construtivas e técnicas fomos obrigados a fazer construções rígidas e asfixiadas (Pirâmides do Egito), com o tempo avançamos, conseguimos o Concreto e concretizamos mais espaço nas edificações (Pantheon), no período Gótico os arcobotantes trazem ar e luz com proporções magníficas (Notre Dame de Paris) e então chegamos ao Modernismo que, como uma verdadeira produção industrial vem querer padronizar e amarrar todos num mesmo Savoir-faire… deu ruim… Le Corbusier brilhou na passarela, seguido por 257 pupilos atrás difundindo o que seria o início de uma nova era. Ao falar em modernismo dois fatos me vêm a cabeça: as cartas que Madame Savoye enviava a Le Corbusier questionando as infiltrações do telhado ou as lavadeiras a colocar uma apropriação mais real nas piscinas do Conjunto Pedregulho.
Digo que a arquitetura está doente pois parece que estamos colocando de lado séculos de evolução da história da arquitetura ou da história da humanidade para edificar de uma forma um tanto equivocada. Como assim é preciso gastar rios de dinheiro numa máquina miraculosa que resfria o ar de sua casa para poder viver nela? Como assim precisamos criar normas e regras básicas em nossas legislações municipais e urbanas pra dizer que os cômodos precisam de janelas, precisam de iluminação e ventilação natural?
A adoção de salubridade nas edificações foi algo magnífico que revolucionou, por exemplo, a linha de tempo da Arquitetura Hospitalar. Como era de se esperar esta higienização veio a ter seu início na França, concomitante ao período higienista de Haussmann. Colocar ventilação cruzada nas edificações veio a eliminar um ar de podridão que ficava estagnado nos hospitais de então e, posteriormente, vem Domenech e Montagner a criar uma obra prima com o Hospital de la Santa Creu i Sant Pau em Barcelona, onde uma arquitetura pavilhonar criou um espaço de cura pela arquitetura, assim como nosso brasileiríssimo Lelé (Joao Figueiras Lima) em seus Hospitais da rede Sarah espalhados Brasil a fora.
Mas então, tudo caminhava bem e desandou? Sim, aparentemente sim… afinal, gostamos de criar espaços gelados, confinados e cheios de insalubridade em suspensão; nossas Mostras de Arquitetura amam espaços escuros e pouco funcionais para colocar uma luminária de milhares de reais, idolatramos edifícios em pele de vidro voltados a sol poente e onde o cálculo de brises é um mero capricho…
Diagnóstico: volta Imhotep!!!
Apaixonada pelo texto, saudades destas leituras e louca para poder viajar novamente… mas já me deu um pouco o gostinho. ; )