Certo que lágrimas rolariam do rosto de Aarão Reis se ele pudesse ver BH nos dias de hoje, ver no que se tornou a sua sonhada e trabalhada “Nova Capital.”
Avenida do Contorno: mal sabia Aarão que a cidade se espalharia muito mais do que pensou. Mas ela está ali, abriga distintos bairros e, principalmente, abriga o centro. Ah! O centro de BH! A cidade cresceu, mas ele está ali, firme e sobrevivente. Grande parte da população por ali passa, para trabalhar, comprar, divertir. O centro está ali, precisando de uma acupuntura. Suas ruas não suportam mais carros, suas praças estão perigosas, e os moradores de rua buscando refúgio debaixo das marquises.

O patrimônio arquitetônico é desvalorizado, mãos inglesas se multiplicam, o Parque Municipal fora mutilado, o obelisco saracoteou por milhares de lugares até se aquietar na Praça Sete, o conjunto dos edifícios Sulacap e Sulamérica perdeu seu grande triunfo na paisagem e isolou a mirada do centro para o Viaduto Santa Teresa. Quer um lenço Aarão? Ainda uma Cidade jardim, não, não mesmo. Cinturão verde? Não, tem não. A cada nova estação chuvosa imagens repetidas de alagamentos e sofrimentos, oh vida… Pode chorar Aarão! ?
Aarão chora. Mas chora também de felicidade. O centro está ali, onde os mais diversos movimentos culturais acontecem, onde acontece a Praia da Estação em uma cidade que só não tem mar porque seria muita perfeição; onde os coletivos de rap fazem duelos de Mc debaixo do viaduto; onde o mais famoso bloco de carnaval passa e leva um pouco de alegria às sorridentes moçoilas na Guaicurus; onde ocorre a maior feira de artesanato da América Latina a céu aberto; onde o 3º melhor mercado do mundo, Mercado Central deixa sua marca na cidade, consolidando sua história com tanta gente fazendo compras e “tomando umas” diariamente. Sorria Aarão! ?


Veja quanta alegria, de noite e de dia, é a Rua Sapucaí. Lugar de livre apropriação do espaço público. Lugar do axé, do rock, da MPB, do samba. Lugar do gay, do preto, da criança, das mulheres, da família. Lugar do gourmet e do copo de cerveja na mureta. Que me perdoe a Urca, mas vale enaltecer este mirante natural, o pôr do Sol, a skyline do centro e dos lindíssimos painéis artísticos, que colorem as empenas cegas dos altos edifícios. Aarão sorriu!


Detalhe da planta da comissao construtora
Fonte: APCBH (Acervo CCNC)

Então, entre mortos e feridos, todos se salvaram! Viva Aarão Reis, Viva BH e Viva Isabela Prates do Grupo Arquitetos pelo ótimo texto! ; )
Isabela brilhou no texto…
Obrigada Stefania! Isso aí! VIva BH!!!
Muito legal o Texto !! Parabens Joao fernandes e Grupo arquitetos!
Gabriel, trabalho em equipe, givers gain…
Brilhante como o Grupo Arquitetos! Parabéns.
Um prazer sempre queria Maria Amélia!
Aarão certamente iria chorar de tristeza, mas também derramaria lágrimas de muita alegria.
BH traz ao longo dos seus 120 anos bastantes remendos, buracos, falhas técnicas e administrativas e, de fato, precisa se reestruturar de forma consciente e planejada. Toda essa deficiência traria lágrimas de profunda tristeza aos olhos de Aarão.
Mas o belorizontino não deixa que as cicatrizes expostas esconda sua alegria e as belezas de um Belíssimo Horizonte. Após sentir essa energia, que contagia, Aarão teria os olhos marejados de emoção.
Seu Texto ficou fantástico, João!
Parabéns!
Obrigado Marcos Nazário, obrigado de toda a equipe Grupo Arquitetos!!!
João, apesar de ter uma visão leiga sobre arquitetura, o fato de não terem continuado com a simetria e organização da parte planejada para fora da Contorno me frustra de certa maneira… Coisas de quem sofre de um certo grau de TOC.
Parabéns pelo texto. E eu vi aquela puxadinha de sardinha para o carnaval, especialmente para o bloco que sai da Guaicurus. Mas tudo bem. Como não se encantar com o carnaval daqui? Grande abraço e sucesso!!!
Guilherme… podemos ir longe nessa conversa sobre o planejamento da cidade e tentar reduzir esse TOC…
Aline… obrigado pelo carinho.
Alguma paula que queira sugerir?
Parabéns, Bela . Irretocável texto !!! Mérito seu, mas que puxou o pai, puxou. Rê rê rê rê …
Brigada Tio Ivan!!!
Parabéns, Belinha. Parabéns Grupo Arquitetos e Urbanistas.
Texto leve mas, ao mesmo tempo, com a densidade da reflexão do nosso olhar sobre aquilo que nos cerca e que nos absorve. Às vezes, , sem percebermos, o belo anda ao nosso lado e de mãos dadas com o nosso senso crítico.
Se não conseguimos mudar o espaço urbano, mudemos nós mesmos. Se vivemos uma realidade dura, que floresçamos a nossa visão lírica sobre o solo em que habitamos. . Viva BH.
Brigada papis!!! Com certeza o cidadão é o maior responsável pelo que os espaços urbanos representam!!! :))
Ótima reflexão. Acho admirável a forma como os Mineiros olham para sua “morada”… sempre com um olhar de zelo e orgulho, mas ao mesmo tempo, de consciência das adversidades, e do papel de cada cidadão para exigir e propor melhorias! Como capixaba residente há 12 anos em Belo Horizonte, sinto-me acolhida e também parte de tudo isso! Sigamos! Sorrindo ou chorando, sem desistir!
Companheira Janaína,
Concordo com seu olhar capixaba, vejo muito zelo na mineiridade e no modo como um pequeno gesto pode dizer muito. Sim, tome o cafezinho, ele é oferecido com sinceridade, não por convenções…